segunda-feira, 31 de maio de 2010

COMO OS HOMENS SE COMPORTAM NA VILA MIMOSA?

Muitas pessoas, principalmente aquelas que nunca foram à VM, fazem essa pergunta. Aliás, a grande maioria nem sabe como é um prostíbulo por dentro. Desse modo, em vez de falar da decoração ou do cheiro carregado de cigarro, vamos tratar dos mais variados comportamentos masculinos. Sigamos em frente e vejamos os tipos mais manjados que encontramos na Vila Mimosa:

Catequizador

Seu hino, provavelmente, é o inesquecível sucesso “Eu Vou Tirar Você Desse Lugar”, de Odair José. Assim que começa a conversa com a garota, ele trata de dizer que ela ‘não merece’ estar ali, por isso fará o possível para ‘arrumar uma coisa melhor’. Em geral, faz o papelão quando está bêbado e, ao passar a ressaca, diz que não falou nada daquilo.

O Psicólogo
Ele se parece um pouco com o catequisador, principalmente na parte do ‘papo chato’. Mas, ao contrário do anterior, não diz que vai tirar ninguém de lugar algum. Apenas ouve. Ah, e como ouve! Ouve, ouve, ouve… E isso acontece porque ele deixa claro que não fará programa com garota alguma. As mais afoitas logo partem para clientes lucrativos, mas as tristinhas preferem chorar as pitangas consigo. Por isso, ele ouve.

O Transformado
Esse daí é engraçado porque se ‘transforma’ de verdade quando vai à VM. Ele é todo calmo e sério no dia-a-dia, mas, quando entra no recinto, transforma-se no maior maluco do planeta. Sem dúvida, todo mundo ’se solta’ um pouco por lá, mas esse daí exagera na dose. E tudo fica mais gritante em razão do contraste com seu comportamento normal.

O Prepotente
Ele vai para à VM e consegue sexo mediante pagamento. Deveria ser algo tétrico, mas ele consegue se considerar ‘fodão’ mesmo nesse cenário. Sempre diz que a garota gostou dele. TODAS AS GAROTAS DE PROGRAMA elogiam seus clientes! Há os que têm noção da realidade, e os que acreditam - ele faz parte dessa segunda categoria. Na volta pra casa, no meio do papo divertido com os amigos, solta o famoso “ela gostou de mim! é sério!”. A turma cai na gargalhada, mas ele mesmo assim insiste que teve uma performance inesquecível para a garota de programa.

O Carente
Sim, ele existe. É triste, mas é verdade. O ‘carente’ vai à VM para realmente suprir suas vontades, não só carnais, mas também sentimentais. Não vamos fazer muitas piadas, pois realmente é um caso triste.

O Mão-de-Vaca
Ele pechincha, pechincha e pechincha. A mocinha fica aborrecida, é claro, e a ‘bagunça’ dá vez a um papo de feira-livre. Mas o ‘mão-de-vaca’ não está nem aí para dramas psicológicos, o que ele quer é gastar menos com o serviço.

Esbanjador
Esse é o grande pragmático. Como o negócio funciona na base da grana, ele deixa claro que tem muitas balas na agulha. Já chega pedindo garrafa de uísque, o que atrai uma verdadeira nuvem de ‘gafanhotas’ ao seu redor. Na hora de mandar brasa, muitas vezes chama duas ou três, e obviamente não consegue dar conta de nenhuma delas.

O Conquistador
Ele REALMENTE passa cantadas na garota de programa, mas não faz isso como parte de um teatro ou como forma de acentuar a diversão. Nada disso. Esse camarada tenta passar a imagem de ‘homem irresistível’ e, nesse caso, não basta apenas tomar um banho, passar perfume e se vestir bem só para ir à VM. Além dessa produção toda, ele chega ao ponto de tomar viagra! E seu grande objetivo é conquistar a garota para depois ‘comer de graça’.



Mulé na Copa

Ao mestre com carinho...
Por Bruno Cantarelli

Os jogadores da seleção embarcaram para a África do sul envoltos por várias baboseiras escritas pelos mesmos internautas, que fazem perguntas ao Júnior, e ao Luís Roberto, nos intervalos dos Jogos transmitidos pela Globo.



Como adoramos a interatividade da emissora abrimos espaço para a torcida que acompanha o Mulé mandar a real para o Dunga. Vamos conferir se as frases são parecidas
Bruno Espírito Santo, estudante de comunicação social, tem uma menção carinhosa destinada ao técnico da seleção: “Dunga segure as bolas do Richarlysson!” O estudante não se mostrou muito satisfeito com a convocação. “Eu quero que aquele Gaúcho vai pro inferno!”
Arthur De Souza, repórter esportivo, foi mais direto a um ponto do técnico da seleção: “Dunga vá tomar no c...!” Assim o jornalista deixou explícita sua insatisfação quando o professor afogou o Ganso....
Já uma campanha Anti-drogas, que gira o Brasil de ponta a ponta, mostra a responsabilidade social de Dunga, em sua convocação. O slogan da campanha cita a preferência técnica do treinador: “Faça como o Dunga, não utilize Craque” O filho do trabalho, ou Job son, do Botafogo, tem uma opinião diferente. Entenda.
Pois é, Segundo o matemático Tristão Garcia, a moeda tem duas faces, assim como o Fluminense já estava rebaixado para o campeonato deste ano. O que tem a ver o buzanfão com as calças? É que, assim como os dois lados da moeda, a interatividade também não é unânime.

Mulé na Copa

Convoca-tion-tion
Por Bruno Cantarelli

Finalmente o orgasmo do futebol mundial vai começar! É a Copa chegando ao Mulé (não estaria ao contrário essa frase?)! E falando em ápice do ato sexual, não poderia haver melhor ambiente para seu início do que um hotel. E mais! Com a exibição de um filme já anunciado, onde o ator principal afogou o ganso, e com a audiência de vários telespectadores. Carlos Caetano, o zangado, deu um show de ilusionismo e surpreendeu a todos não é?

Nós, do Mulé, cobrimos a convocação, pois ela estava com frio(que merda de piada). E ficamos atentos aos vinte e três caneleiros, digo, jogadores que irão a copa.

Além da galera do zoológico(pato, ganso, o animal do Adriano, e Richarlysson), a torcida brasileira também tinha esperança por Alejo e Gómez.
Pois é, os Fãs de Superstarsoccer puderam comemorar quando viram um deles no projetor: Gomes! Porém Richarlysson, ficou decepcionado quando Victor, segurador de bolas pertencente a uma equipe de sua terra natal (Porto Alegre), ficou a por o cú, quer dizer, por pouco, de fora.

Como um gaúcho(frase ambígua), Dunga, presta muita atenção à retaguarda. Não é qualquer um que entra aí! Na Lateral direita a convocação da modelo Dani Alves já era esperada. Sua escalação próxima à homens grandes, sarados e com poucos pelos, como Juan e Lúcio, já não é nenhuma surpresa. Já na lateral esquerda, as atuações de Michel pfeifer, ou Michelle Bastos, sei lá, é que prescisam convencer.
Chegamos ao meio campo, espaço dos amigões! Começando por Felipe Mello, que possui váriosamigos jornalistas, que o diga o PVC.

Ninguém pode esquecer também do amigo bíblico de Jesus, o sempre abençoado Josué (o fato de ele estar na seleção é realmente um milagre), e de Júlio, o Baptista, afilhado, e companheiro de quarto do Kaká, o crente!
Ataque! Aí sim estão os Craques(não, Jóbson não foi convocado)! Dunga, ressaltou a palavra comprometimento, quando não disse comprometição, algumas vezes em seu discurso. Por isso o empenhado Adriano assistirá a copa pela TV. Isso quando a Gato - Net funcionar na Chatuba.
E quem vai no lugar do Imperador?? Pois é, Para escrever um novo futuro, Grafite (07), foi convocado.

Ao final da convocação, nosso querido representante dos sete anões, concedeu uma entrevista coletiva, e tentou convencer a todos que estava uma bosta.

"Vamos Sangrar!" com essa frase Dunga definiu a seleção , e o futebol arte praticado por ela.




Segue a lista :

Pega bolas: Júlio César III, Gomes (o do Angú), Doni Carlos.
Flanqueais: Dani Alves (modelo e atriz), Maicontagiante, Gilberto Barros (o Leão), e Michel pfeifer, ou Michelle Bastos.
Cabeçudos: Lúcio Neanderthal, Juan (o mudinho da seleção) , Thiago Silva Sauro (primo de Gilberto) , Luisão Boneco do posto
Meiucas: Gilberto Silva Sauro, Josué ( o abençoado) Felipe Mela Cueca, Ramires (presente na revolução cubana), Elano Perdido, Júlio o Baptista, Kaká o crente
Ataque: Luís Abrianus, (Pedala) Robinho, Neymar, digo Nilmar, (Escreve) Grafite

Mulé na Copa

Fotos de Macho (são vários, uhul!)
Por Bruno Cantarelli


Bem vindo ao Gostosa cozinhando, digo, Mulé na Copa. E o maior quebra canelas do certame começa muito antes por aqui, e também pelas ruas de todo o Brasil. Quando? No lançamento da Playboy de calças, ou seja o álbum da copa.
Fomos entender porque, além das revistas de entretenimento adulto, (ou sacanagem mesmo), só existe este tipo de publicação que leva o homem, em sua puberdade, a terem um prazer sexual, ao folhear as páginas, e ver partes conhecidas. Será que o Rosto do Loco Abreu é tão sensacional quanto os atributos da Scheila Carvalho?



Rodrigo da Silva de 16 anos, um desses moleques que quebram vidraça de prédio, e não deixam sua vó dormir, pois jogam bola na sala de casa, disse que tem lugares e lugares para cada um: “ Quando fico no banheiro muito tempo, não é por causa do Josué ou Rooney.” Rodrigo não mencionou David Beckham.
E as mulheres? Como enxergam o álbum da copa do mundo? Com olhos de quem vai a caça. Alexandre Amaral, colecionador de álbuns desde a peleja de 94, conta que em sua infância, uma das coisas que o deixava com raiva eram suas tias, ao lado, duranta a colagem das figurinhas.Ele conta que elas ficavam imaginando os belos uniformes sem jogadores, digo, os jogadores tcuchucos sem uniformes: “ Era um tal de esse é gato, ou esse é feio. Uma dizia: me da a figurinha do Leonardo!” Segundo Alexandre a outra era fã do colombiano Valderrama..... Ta. Zoação.
A conclusão que podemos chegar é: Colem figurinhas, porém não deixem de colar as páginas da Playboy!
E para a mulherada: Mais vale uma figurinha do Canavaro, do que uma saída co Nei Paraíba...

domingo, 30 de maio de 2010

COSTINHA: 15 ANOS SEM O PERU DA FESTA

“...morreu um cavalo, e os estudantes pra brincar cortaram o... do cavalo, já viu né. Pegaram o negócio do cavalo e jogaram, zup...caiu no pátio de um convento. Vinham passando 2 freiras, uma disse: Nooossa, mataram o padre Joséééé!!!”
Essa é apenas uma das centenas de anedotas de um dos maiores humoristas que nosso país já viu. Não dá pra só dizer o nome, foi preciso reverenciar, ou mais, citar uma piada. É mais ou menos assim que funciona quando se fala de Lírio Mário da Costa, o “Seu Mazarito”, ou como é nacionalmente conhecido: Costinha.

Dono de uma interpretação ímpar ao contar piadas, uma capacidade de fazer tiradas rápidas em qualquer situação, e caretas de fazerem rir o mais sério dos puritanos, Costinha foi pro beleléu em setembro de 1995, deixando muitos amantes do humor politicamente incorreto órfãos de suas grandes histórias e suas aparições na tv. Por isso, nada mais justo que homenagear o mestre com uma reportagem sobre sua vida e obra (sério isso né?!), mesmo sabendo que se ele pudesse pedir alguma homenagem, com certeza pediria algumas mocinhas bonitas e dispostas a ajudar.

Nosso humorista teve a quem puxar. Nasceu no Rio de Janeiro, em 1923. Seu pai era palhaço, e Costinha desde cedo tomou gosto pelo humor. Quando Costinha tinha 13 anos, o chefe da família cometeu sua maior palhaçada: saiu de casa e nunca mais voltou. Graças a isso, Costinha teve que trabalhar precocemente, sendo dentre muitas funções, garçom de bar, engraxate e até apontador de jogo do bicho. Esse convívio com tipos urbanos e vagabundos dos anos 40 fez com que Lírio aprimorasse seus personagens sempre voltados ao cotidiano da cidade.

Em 42, Costinha (já cansado de tanto levar porrada da vida) consegue um emprego na Rádio Tamoio como faxineiro, mas logo consegue uma oportunidade de trabalhar como rádioator e assim começa sua carreira, atuando em diferentes programas da época como “Cadeira de barbeiro” e a primeira versão da “Escolinha do professor Raimundo” (ao lado de Noé, Dom Pedro I e Dercy Gonçalves).

Costinha ainda participou de inúmeros comerciais de tv e filmes, mas foram seus shows ao vivo, contando piadas, que fizeram dele um dos maiores humoristas do Brasil. O show mais famoso é o “Peru da Festa”, que tem 5 volumes, e reúne centenas de piadas de todos os tipos. Quem é das antigas se lembra.
- Uma vez fui a um show do Costinha em Niterói, acho que era do “Peru da Festa” mesmo. Saí de lá passando mal de tanto rir, mas passando mal mesmo. Depois disso até passei a ter receio de ouvir e ver as coisas que ele fazia. Afirma Jorge Costa, que trabalha no setor comercial de uma emissora de tv, e que transborda saudosismo ao falar do humorista.

Prova do sucesso com as anedotas, é que até hoje suas gravações são ouvidas, inclusive por quem nem é tão velho assim...
- Não conheço ninguém que seja capaz de me proporcionar 4 horas de anedotas sacanageiras da mais alta qualidade. Aliás, deveria ser proclamado feriado para cada pessoa o dia do ano em que essa pessoa ouviu pela primeira vez o “Peru da Festa”.
Diz Allex Machado, estudante de Letras.

Há quem tenha suas preferências. Marcus Vinícius, de 27 anos é grande fã do velho boca suja, e curtias mais as interpretações como “Seu Mazarito” na escolinha.
- Era demais, quando o professor Raimundo chamava Seu Mazarito, e ele já vinha com aquela cara de cínico, rebolativo e ajeitando o suspensório, a turma toda já ria da situação, e eu em casa também me “escangalhava” só de ver a cara dele.





Costinha não é só um grande humorista, é também símbolo do que talvez seja a melhor época do humor brasileiro, onde contracenou com sacanas do naipe de Chico Anysio, Paulo Silvino, Castrinho, Orlando Drummound, Rogério Cardoso e outros gigantes. Costinha é símbolo do humor politicamente incorreto, onde bichinhas e portugueses protagonizavam histórias de evacuar de rir; onde todo mundo se diverte sem ofensas, onde tudo é levado no “sambarilove” (com a licença do seu Armando Volta, é claro). Costinha é a tradução do humor bem feito, onde bunda era sempre bem
vinda, mas só no contexto da piada.

Por Carlos Varella
O PERU NO CINEMA

Quem se lembra do Costinha, com certeza tem em sua memória os personagens da tv, as piadas dos seus show em teatros, suas caretas e trejeitos, e suas atuações no cinema. O que pouca gente sabe, é que Costinha talvez tenha tido uma carreira mais extensa servindo a sétima arte do que propriamente na televisão ou nas gravações de shows. 44 filmes formam a filmografia do humorista.

Costinha começou no cinema ainda jovem, em 1949, com 26 anos. Seu primeiro filme foi “Vendaval Maravilhoso”. Em 51 ele ainda participou de “Agüenta firme, Isidoro” e do polêmico “Anjo do Lodo”, de Luiz de Barros. O filme foi a segunda adaptação do livro “Lucíola” de José de Alencar, mostrando que o depois famoso “Seu Mazarito” não tinha a veia voltada só pro humor.

Franzino, branquelo, de cabelos engomados e sempre fazendo caretas. Essas são algumas das características do humorista, que passou a ser desejado por escritores e diretores para que fizesse papéis secundários em seus filmes. Como coadjuvante, atuou ao lado de grandes nomes como Wilson Grey, Wilson Viana e Oscarito nas antigas chanchadas da Atlântida. Nesses filmes, Costinha desempenhou papéis de todos os tipos, desde um bandido em “De pernas pro ar” a um fotógrafo de jornal em “É de chuá”.

Depois de uma década fraca para as chanchadas (os anos 60), Costinha volta as telonas nos anos 70, mas dessa vez nas “pornochanchadas”. Que atire a primeira pedra quem não já gargalhou de rir ao ver nosso velho humorista atuando como o caçador na sátira safada da Branca de Neve, em “Histórias que as nossas babás não contavam” de 79.
- Eu adorava esse filme, é obvio que eu queria mais era ver a Adele Fátima, aquela morena que fazia a Clara das Neves peladinha, mas também ver o Costinha fazendo o papel do caçador, todo enrolado, também era demais, muito bom mesmo!
Diz César Silva, hoje com 55 anos, bancário, mas que muito já homenageou a pobre morena do filme, quando tinha lá seus 25 anos.

Depois das pornochanchadas, Costinha ainda se arriscou em paródias de filmes, em que ele era a estrela principal. “Costinha e o King Mong” e “Robinson Crusoé” foram alguns títulos dessa empreitada.

Quem nasceu em meados ou final dos anos 80 (caso de quem escreve esse texto) deve se lembrar da última grande produção de Costinha, talvez a maior. Em 91 Costinha gravou o que seria seu último filme antes de bater as botas. “Inspetor Faustão e o Mallandro”, que foi sucesso de bilheteria, fez milhares de crianças da época chorarem de rir e cantarem quase que religiosamente todos os versos do “Rap do Ovo” (sim, eu tava nessa).
Além de Faustão como um inspetor (imagine...), o roteiro quase que hollywoodiano ainda contava com Sérgio Mallandro (yeah yeah) fazendo papel dele mesmo, Paulo César Peréio emprestando sua voz a Deus (vou nem comentar isso), e Costinha interpretando um superintendente, além de outros atores e atrizes do cinema nacional. O filme ainda conta com participação de Sidney Magal e Wando. Se você ainda não viu, tá perdendo.

Por essas e outras que Costinha merece ser lembrado aqui no MULÉ, não só pelos seus 15 anos de falecimento, mas por todo o tempo que deu (calma velho, no bom sentido, é claro), ou enfim, emprestou ou doou seu precioso talento ao humor nacional. Seja como Seu Mazarito, exclamando “mééééw” perante o microfone boom na Escolinha do Professor Raimundo, ou como ele mesmo, fazendo todos rirem em uma simples gravação de comercial pra tv.






Por Carlos Varella

O PERU EM PÉ

Stand up comedy: Termo usado para indicar um espetáculo de humor executado por um homem só, em pé, sem caracterizações ou cenário.
Com certeza você já deve ter, pelo menos, ouvido falar desse tipo de show. Atualmente, a comédia em pé tem sido a queridinha do público e da mídia. Muitos grupos de humoristas fazendo isso, muitos humoristas de tv e de rádio montando seu espetáculo (muitos, totalmente sem graça, vide Nelson Freitas, ex-Chiquititas) alguns programas de tv que tem esse formato, como o “Quinta Categoria”, da MTV (o nome faz jus), e o “É Tudo Improviso”, da Band. Até Serginho Mallandro, ídolo de pelo menos 3 ou 4 gerações (o boné e o all star escondem bem a idade) tem agora seu próprio stand up, quem assistiu conta inclusive que é um bom show, difícil é agüentar ele exclamando “Ráááá” e “yeah yeah” o tempo todo.

Mas é verdade também que muita gente já não consegue mais ouvir falar nisso, talvez pelo grande “boom” dos comediantes desse ramo.
- Cara, não agüento mais... Não sei como ainda se ri daquelas piadas forçadas, baseadas no cotidiano, tipo “outro dia eu tava no banco e...” Prefiro uma piada contada mais direta, sem rodeios. Diz Bernardo Gomes, um dos revoltados com o stand up.
Bernardo nos fez chegar ao ponto chave desta queridíssima matéria. Realmente se fala muito desse tipo de humor, muitos acham inovador, e os atores são bastante estimados pela crítica e o público. Mas será que isso é mesmo algo tão inovador assim?

Na década de 60, o humorista José Vasconcelos já fazia shows com um estilo bem próximo do que vemos hoje, Chico Anysio e Jô Soares também aderiram aos espetáculos em teatros. Mas foi nosso homenageado que fez milhares de pessoas chorarem de rir com suas anedotas totalmente descaradas.



Costinha gravou 5 volumes do seu show “Peru da Festa”, que hoje é um dos arquivos de áudio mais procurados na internet, é fácil achar muitos pedidos por downloads em comunidades do Orkut e sites relacionados a humor. Costinha ainda gravou mais 2 cds de piadas, da série “Proibidas do Costinha”, volumes 1 e 2.

O “Peru da Festa” fez muito sucesso na época, lotando grandes teatros e casas de show, e é inevitável dizer que nosso ídolo das caretas e da boca suja tenha de alguma forma, influenciado essa galera do stand up atual. Fernando Borghi é paranaense, comediante e um dos redatores da revista “Mad Brasil”. Ele não economiza palavras ao comentar a influência do humorista nesse tipo de comédia.
- Não tem como negar a importância do Costinha pra esse tipo de show. Seu talento e carisma são incomuns, é como Pelé, Garrincha, Maradona e Romário, não nasce a qualquer hora.
Fernando ainda lembra uma importante característica do velho sacana: A interpretação, fator muito importante no stand up de hoje.
- Costinha tinha um jogo de palco muito forte. Ele transformava qualquer simples anedota batida e corriqueira em algo muito engraçado e inesquecível. Impossível não lembrar ele interpretando uma piada de bichinha ou de português.
Outro mestre do humor, e parceiro de tv durante anos, Chico Anysio também por outras vezes, já rasgou elogios a Costinha, e chegou a afirmar “Quando o vi no palco pela primeira vez, pensei comigo, esse cara é único, igual ele impossível! Não posso ser um só, não tenho essa capacidade que o Costinha tem, tenho que ser vários!” e criou essa galeria de personagens que a gente já conhece.

Eis aí mais um ramo em que Costinha exerce ainda bastante influência. Não só ele, mas também Ari Toledo, Paulo Silvino e outros grandes já citados. Portanto, quando for rir e achar genial alguma situação hilária de algum stand up da vida, lembre-se desse coroas gaiatos, os verdadeiros pais do “humor em pé”.


Por Carlos Varella