domingo, 30 de maio de 2010

COSTINHA: 15 ANOS SEM O PERU DA FESTA

“...morreu um cavalo, e os estudantes pra brincar cortaram o... do cavalo, já viu né. Pegaram o negócio do cavalo e jogaram, zup...caiu no pátio de um convento. Vinham passando 2 freiras, uma disse: Nooossa, mataram o padre Joséééé!!!”
Essa é apenas uma das centenas de anedotas de um dos maiores humoristas que nosso país já viu. Não dá pra só dizer o nome, foi preciso reverenciar, ou mais, citar uma piada. É mais ou menos assim que funciona quando se fala de Lírio Mário da Costa, o “Seu Mazarito”, ou como é nacionalmente conhecido: Costinha.

Dono de uma interpretação ímpar ao contar piadas, uma capacidade de fazer tiradas rápidas em qualquer situação, e caretas de fazerem rir o mais sério dos puritanos, Costinha foi pro beleléu em setembro de 1995, deixando muitos amantes do humor politicamente incorreto órfãos de suas grandes histórias e suas aparições na tv. Por isso, nada mais justo que homenagear o mestre com uma reportagem sobre sua vida e obra (sério isso né?!), mesmo sabendo que se ele pudesse pedir alguma homenagem, com certeza pediria algumas mocinhas bonitas e dispostas a ajudar.

Nosso humorista teve a quem puxar. Nasceu no Rio de Janeiro, em 1923. Seu pai era palhaço, e Costinha desde cedo tomou gosto pelo humor. Quando Costinha tinha 13 anos, o chefe da família cometeu sua maior palhaçada: saiu de casa e nunca mais voltou. Graças a isso, Costinha teve que trabalhar precocemente, sendo dentre muitas funções, garçom de bar, engraxate e até apontador de jogo do bicho. Esse convívio com tipos urbanos e vagabundos dos anos 40 fez com que Lírio aprimorasse seus personagens sempre voltados ao cotidiano da cidade.

Em 42, Costinha (já cansado de tanto levar porrada da vida) consegue um emprego na Rádio Tamoio como faxineiro, mas logo consegue uma oportunidade de trabalhar como rádioator e assim começa sua carreira, atuando em diferentes programas da época como “Cadeira de barbeiro” e a primeira versão da “Escolinha do professor Raimundo” (ao lado de Noé, Dom Pedro I e Dercy Gonçalves).

Costinha ainda participou de inúmeros comerciais de tv e filmes, mas foram seus shows ao vivo, contando piadas, que fizeram dele um dos maiores humoristas do Brasil. O show mais famoso é o “Peru da Festa”, que tem 5 volumes, e reúne centenas de piadas de todos os tipos. Quem é das antigas se lembra.
- Uma vez fui a um show do Costinha em Niterói, acho que era do “Peru da Festa” mesmo. Saí de lá passando mal de tanto rir, mas passando mal mesmo. Depois disso até passei a ter receio de ouvir e ver as coisas que ele fazia. Afirma Jorge Costa, que trabalha no setor comercial de uma emissora de tv, e que transborda saudosismo ao falar do humorista.

Prova do sucesso com as anedotas, é que até hoje suas gravações são ouvidas, inclusive por quem nem é tão velho assim...
- Não conheço ninguém que seja capaz de me proporcionar 4 horas de anedotas sacanageiras da mais alta qualidade. Aliás, deveria ser proclamado feriado para cada pessoa o dia do ano em que essa pessoa ouviu pela primeira vez o “Peru da Festa”.
Diz Allex Machado, estudante de Letras.

Há quem tenha suas preferências. Marcus Vinícius, de 27 anos é grande fã do velho boca suja, e curtias mais as interpretações como “Seu Mazarito” na escolinha.
- Era demais, quando o professor Raimundo chamava Seu Mazarito, e ele já vinha com aquela cara de cínico, rebolativo e ajeitando o suspensório, a turma toda já ria da situação, e eu em casa também me “escangalhava” só de ver a cara dele.





Costinha não é só um grande humorista, é também símbolo do que talvez seja a melhor época do humor brasileiro, onde contracenou com sacanas do naipe de Chico Anysio, Paulo Silvino, Castrinho, Orlando Drummound, Rogério Cardoso e outros gigantes. Costinha é símbolo do humor politicamente incorreto, onde bichinhas e portugueses protagonizavam histórias de evacuar de rir; onde todo mundo se diverte sem ofensas, onde tudo é levado no “sambarilove” (com a licença do seu Armando Volta, é claro). Costinha é a tradução do humor bem feito, onde bunda era sempre bem
vinda, mas só no contexto da piada.

Por Carlos Varella

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