domingo, 30 de maio de 2010

O PERU EM PÉ

Stand up comedy: Termo usado para indicar um espetáculo de humor executado por um homem só, em pé, sem caracterizações ou cenário.
Com certeza você já deve ter, pelo menos, ouvido falar desse tipo de show. Atualmente, a comédia em pé tem sido a queridinha do público e da mídia. Muitos grupos de humoristas fazendo isso, muitos humoristas de tv e de rádio montando seu espetáculo (muitos, totalmente sem graça, vide Nelson Freitas, ex-Chiquititas) alguns programas de tv que tem esse formato, como o “Quinta Categoria”, da MTV (o nome faz jus), e o “É Tudo Improviso”, da Band. Até Serginho Mallandro, ídolo de pelo menos 3 ou 4 gerações (o boné e o all star escondem bem a idade) tem agora seu próprio stand up, quem assistiu conta inclusive que é um bom show, difícil é agüentar ele exclamando “Ráááá” e “yeah yeah” o tempo todo.

Mas é verdade também que muita gente já não consegue mais ouvir falar nisso, talvez pelo grande “boom” dos comediantes desse ramo.
- Cara, não agüento mais... Não sei como ainda se ri daquelas piadas forçadas, baseadas no cotidiano, tipo “outro dia eu tava no banco e...” Prefiro uma piada contada mais direta, sem rodeios. Diz Bernardo Gomes, um dos revoltados com o stand up.
Bernardo nos fez chegar ao ponto chave desta queridíssima matéria. Realmente se fala muito desse tipo de humor, muitos acham inovador, e os atores são bastante estimados pela crítica e o público. Mas será que isso é mesmo algo tão inovador assim?

Na década de 60, o humorista José Vasconcelos já fazia shows com um estilo bem próximo do que vemos hoje, Chico Anysio e Jô Soares também aderiram aos espetáculos em teatros. Mas foi nosso homenageado que fez milhares de pessoas chorarem de rir com suas anedotas totalmente descaradas.



Costinha gravou 5 volumes do seu show “Peru da Festa”, que hoje é um dos arquivos de áudio mais procurados na internet, é fácil achar muitos pedidos por downloads em comunidades do Orkut e sites relacionados a humor. Costinha ainda gravou mais 2 cds de piadas, da série “Proibidas do Costinha”, volumes 1 e 2.

O “Peru da Festa” fez muito sucesso na época, lotando grandes teatros e casas de show, e é inevitável dizer que nosso ídolo das caretas e da boca suja tenha de alguma forma, influenciado essa galera do stand up atual. Fernando Borghi é paranaense, comediante e um dos redatores da revista “Mad Brasil”. Ele não economiza palavras ao comentar a influência do humorista nesse tipo de comédia.
- Não tem como negar a importância do Costinha pra esse tipo de show. Seu talento e carisma são incomuns, é como Pelé, Garrincha, Maradona e Romário, não nasce a qualquer hora.
Fernando ainda lembra uma importante característica do velho sacana: A interpretação, fator muito importante no stand up de hoje.
- Costinha tinha um jogo de palco muito forte. Ele transformava qualquer simples anedota batida e corriqueira em algo muito engraçado e inesquecível. Impossível não lembrar ele interpretando uma piada de bichinha ou de português.
Outro mestre do humor, e parceiro de tv durante anos, Chico Anysio também por outras vezes, já rasgou elogios a Costinha, e chegou a afirmar “Quando o vi no palco pela primeira vez, pensei comigo, esse cara é único, igual ele impossível! Não posso ser um só, não tenho essa capacidade que o Costinha tem, tenho que ser vários!” e criou essa galeria de personagens que a gente já conhece.

Eis aí mais um ramo em que Costinha exerce ainda bastante influência. Não só ele, mas também Ari Toledo, Paulo Silvino e outros grandes já citados. Portanto, quando for rir e achar genial alguma situação hilária de algum stand up da vida, lembre-se desse coroas gaiatos, os verdadeiros pais do “humor em pé”.


Por Carlos Varella

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