domingo, 30 de maio de 2010

O PERU NO CINEMA

Quem se lembra do Costinha, com certeza tem em sua memória os personagens da tv, as piadas dos seus show em teatros, suas caretas e trejeitos, e suas atuações no cinema. O que pouca gente sabe, é que Costinha talvez tenha tido uma carreira mais extensa servindo a sétima arte do que propriamente na televisão ou nas gravações de shows. 44 filmes formam a filmografia do humorista.

Costinha começou no cinema ainda jovem, em 1949, com 26 anos. Seu primeiro filme foi “Vendaval Maravilhoso”. Em 51 ele ainda participou de “Agüenta firme, Isidoro” e do polêmico “Anjo do Lodo”, de Luiz de Barros. O filme foi a segunda adaptação do livro “Lucíola” de José de Alencar, mostrando que o depois famoso “Seu Mazarito” não tinha a veia voltada só pro humor.

Franzino, branquelo, de cabelos engomados e sempre fazendo caretas. Essas são algumas das características do humorista, que passou a ser desejado por escritores e diretores para que fizesse papéis secundários em seus filmes. Como coadjuvante, atuou ao lado de grandes nomes como Wilson Grey, Wilson Viana e Oscarito nas antigas chanchadas da Atlântida. Nesses filmes, Costinha desempenhou papéis de todos os tipos, desde um bandido em “De pernas pro ar” a um fotógrafo de jornal em “É de chuá”.

Depois de uma década fraca para as chanchadas (os anos 60), Costinha volta as telonas nos anos 70, mas dessa vez nas “pornochanchadas”. Que atire a primeira pedra quem não já gargalhou de rir ao ver nosso velho humorista atuando como o caçador na sátira safada da Branca de Neve, em “Histórias que as nossas babás não contavam” de 79.
- Eu adorava esse filme, é obvio que eu queria mais era ver a Adele Fátima, aquela morena que fazia a Clara das Neves peladinha, mas também ver o Costinha fazendo o papel do caçador, todo enrolado, também era demais, muito bom mesmo!
Diz César Silva, hoje com 55 anos, bancário, mas que muito já homenageou a pobre morena do filme, quando tinha lá seus 25 anos.

Depois das pornochanchadas, Costinha ainda se arriscou em paródias de filmes, em que ele era a estrela principal. “Costinha e o King Mong” e “Robinson Crusoé” foram alguns títulos dessa empreitada.

Quem nasceu em meados ou final dos anos 80 (caso de quem escreve esse texto) deve se lembrar da última grande produção de Costinha, talvez a maior. Em 91 Costinha gravou o que seria seu último filme antes de bater as botas. “Inspetor Faustão e o Mallandro”, que foi sucesso de bilheteria, fez milhares de crianças da época chorarem de rir e cantarem quase que religiosamente todos os versos do “Rap do Ovo” (sim, eu tava nessa).
Além de Faustão como um inspetor (imagine...), o roteiro quase que hollywoodiano ainda contava com Sérgio Mallandro (yeah yeah) fazendo papel dele mesmo, Paulo César Peréio emprestando sua voz a Deus (vou nem comentar isso), e Costinha interpretando um superintendente, além de outros atores e atrizes do cinema nacional. O filme ainda conta com participação de Sidney Magal e Wando. Se você ainda não viu, tá perdendo.

Por essas e outras que Costinha merece ser lembrado aqui no MULÉ, não só pelos seus 15 anos de falecimento, mas por todo o tempo que deu (calma velho, no bom sentido, é claro), ou enfim, emprestou ou doou seu precioso talento ao humor nacional. Seja como Seu Mazarito, exclamando “mééééw” perante o microfone boom na Escolinha do Professor Raimundo, ou como ele mesmo, fazendo todos rirem em uma simples gravação de comercial pra tv.






Por Carlos Varella

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